[ENTREVISTA] Ecovision: startup quer capturar carbono da atmosfera através do cultivo de microalgas

[ENTREVISTA] Ecovision: startup quer capturar carbono da atmosfera através do cultivo de microalgas

A Ecovision, startup do ramo de sustentabilidade, quer capturar carbono da atmosfera através do cultivo de microalgas. Formada por Matheus Jia Chiang Wu Vidal, estudante de Engenharia Civil, e pelo Luiz Arthur Bertollo Menezes, estudante de Engenharia Química, a Ecovision foi a grande vencedora do InovAÇÃO, competição de empreendedorismo universitário realizada pelo Ecossistema de Inovação da UFRJ, por apresentar o Melhor Modelo de Negócios.

Representando a dupla, o Matheus conversou conosco e deu detalhes de como nasceu a ideia da Ecovision e a trajetória da equipe durante os três meses de comepetição. Confira abaixo.

1. Como foi a jornada da equipe durante a competição? Quais foram os principais desafios e aprendizados?Comecei recrutando algumas pessoas de grupos de iniciativas da faculdade que sabia que tinha gente competente. Fiz parte da Fluxo Consultoria, então chamei alguns membros de lá, principalmente para compor o time de negócios. E fiz parte da AIChE, um grupo da Escola de Química, e foquei em pessoas com perfil mais técnico. Também lancei uma chamada para compor o grupo no WhatsApp do grupo de mentoria do Instituto Reditus, que aproxima ex-alunos da UFRJ com estudantes da graduação. De lá, formei a equipe que iniciou o programa. No decorrer da competição, houve alguns imprevistos e indisponibilidades que, infelizmente, acabaram afetando nossa equipe e 3 dos nossos 5 membros saíram – no final, restou apenas eu e o Luiz, meu sócio atualmente. Optamos por continuar na competição e dividimos as últimas atividades entre nós, pois acreditávamos muito na nossa ideia. Acredito que os principais desafios tenham sido relacionados à gestão de tempo e atividades do desafio, bem como nossa visão crítica sobre a ideia que tínhamos e como poderíamos melhorar cada vez ela. E nisso o programa ofereceu muitos aprendizados, através dos treinamentos e workshops que tivemos.

2. De que forma workshops e mentorias influenciaram no desenvolvimento das suas ideias?
Eu tive essa ideia há alguns anos, quando vi uma reportagem da Sérvia sobre algo parecido. Logo no início do programa, ao discutir em grupo sobre o que poderíamos criar, eu trouxe esse exemplo e optamos por seguir com ele adiante. Se não fosse pelos workshops e principalmente pela mentoria da Raquel e do Hermann, não teríamos tido apoio técnico e conhecimento de gestão para entender melhor nosso produto, nosso marketing, o perfil dos nossos clientes e concorrentes etc. Foi tudo graças aos treinamentos que tivemos, além da bagagem profissional que eu tenho e da bagagem técnica que o Luiz tem.

3. Fale um pouco sobre a Ecovision. Como surgiu a startup e como ela evoluiu ao longo da competição?
A Ecovision é uma startup do ramo de sustentabilidade (greentech) que quer capturar carbono da atmosfera através do cultivo de microalgas. A ideia é inspirada em um exemplo da Sérvia, cuja tecnologia se assemelha, mas tem um modelo de negócios completamente diferente do nosso. Ao longo da competição e em conversas internas e com os mentores, fomos enxergando o potencial do nosso produto e dos seus derivados, o que amadurecei nossa ideia tanto do ponto de vista ambiental, quanto comercial.

4. Quais são os principais diferenciais e inovações do modelo de negócios de vocês?
Nosso modelo de negócios é simples e objetivo. Queremos impactar o mundo, sem que, para isso, precisemos deixar de oferecer produtos de qualidade para setores essenciais da economia, como a agricultura. A inovação reside, principalmente, na tecnologia que vamos utilizar e em toda cadeia de valor que estamos construindo para com nossos fornecedores e clientes.

Matheus e Luiz foram premiados com 5 mil reais.

5. Para vocês, qual a importância de programas como o InovAÇÃO na universidade?
Particularmente, eu acho fundamental que esse tipo de competição seja mais difundido e incorporado na rotina dos universitários, sobretudo na UFRJ, cujo ambiente acadêmico por vezes cerceia muitas ideias inovadoras e criativas. Nem todos que passam pela UFRJ serão concursados ou colaboradores de alguma empresa. Alguns alunos têm um perfil mais empreendedor – e outros não sabem que tem, pois a graduação nunca permitiu que eles desenvolvessem isso. Acredito que essa união entre as universidades e o empreendedorismo seja algo extremamente benéfico para a sociedade, de modo a tornar muitas das nossas pesquisas em produtos e serviços simplesmente inéditos e que podem melhorar a vida de um bairro, cidade, estado, país ou, até mesmo, o mundo. Espero que tanto o InovAÇÃO quanto outros programas como esse sejam mais valorizados e incentivados nos ambientes das universidades brasileiras e que as barreiras entre empreendedores e acadêmicos sejam cada vez menores.

6. Quais são os próximos passos para a startup agora que a competição terminou?
Por enquanto, estamos fechando parcerias estratégicas e contando com o apoio de uma consultoria de startups que, além de ajudar no amadurecimento de nossa ideia, vai permitir o nosso contato com investidores e demais stakeholders. Desde o fim da competição, nós seguimos com as atividades e, em breve, esperamos ter construído nosso primeiro protótipo para nosso primeiro cliente.